sexta-feira, 30 de maio de 2008

Maio de 68

Hoje é maio de 2008

Pessoas gritam nas calçadas
Carros correm no asfalto
Cartazes anunciam...

"Ontem foi maio de 68"

Pessoas corriam no asfalto
Carros gritavam nas calçadas
Cartazes "paralelepipetavam"

(Rodrigo Vaz)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Na varanda da minha casa

A cidade dorme
Enquanto eu grito
"Psiu! Silêncio!" - berra a coruja

Meu grito é confuso e despedaçado
Entre mim e "mim mesmo"
Existe um "mutualismo canibal"


A rua dorme
Enquanto eu sonho
"Psiu! Silêncio!" - grita a cigarra

Meu sonho é inconstante e despedaçado
Entre mim e "mim mesmo"
Existe uma ponte interminável

O asfalto dorme
Enquanto eu escrevo
" Psiu! Silêncio!" - esbraveja a mariposa

Na varanda da minha casa
Minha mente confusa escreve
Enquanto eu grito
E a cigarra berra

Rodrigo Vaz

sábado, 24 de maio de 2008

Monólogo

No maior ímpeto do meu viver, encontrei um buraco negro. Quebrar as regras, não entregar os pontos, apreciar o buraco negro e todo esse caloso espetáculo vivenciado como aranhas em teias à espreita da presa: a "inocente" mosca amedrontada. Onde estaria a "sua mosca amedrontada?" Talvez escondida, o ser humano responderia. Mas pode estar mais clara e apresentável do que a mais bela das camélias da noite. Moscas mariposas são livres na noite, espreitam o buraco negro e por lá ficam, muitas não desvendam seus mistérios e acabam caindo em impetuosos lamaçais, recolhem-se como galinhas ao vivenciarem a solidão do céu escuro. Momentos reflexivos são bastante coerentes com sentimentos de acomodação. Será? Reflexão é submergir-se do real e natural, é alcançar o êxtase superior, o auge impetuoso do "eu" subjetivo, em contrapartida em vivenciar os momentos vividos sob uma atmosfera conservante e ao mesmo tempo desestruturante. A "DESESTRUTURA CONSERVADA" reproduz um eu em estágio de clímax existencial. Dentro do buraco negro é possível emergir-se de dentro para fora e analisar o quão interessante é assistir o espetáculo solitário de si mesmo dentro de si. Aceitar a idéia do eu dentro de um "eu" é o primeiro passo.

Rodrigo Vaz

Meu eu

Fecha-te em teus olhos profundos
Fita-me com um humor negro
Observa-me de fora do casulo
E véras a verdadeira face

E o circo já chegou...

Bolas, risos, guinchos
Piruetas, cambalhotas, aplausos
Palhaços, mágicos, platéia
"Sou palhaço de um circo sem futuro"

Equilibristas, ciganas, baralhos
Cornetas, cartolas, fitas
Coelhos, brancos!
"Sou palhaço de um circo sem futuro"

Máscaras, tintas
Equilíbrio, meu caro!
Na minha cara pintada: LÁGRIMAS
"Sou palhaço de um circo sem futuro"


Rodrigo Vaz

Poema sem nome

Em um ímpeto de loucura
Encerro minha paródia
E como em um cinema mudo
Fecho-me em meu interior

Quero que o destino não seja vão
Sonhar é bom
Mas sonhar é destino
O que há de vão no sonhar?

Prefiro conhecer as verdades das coisas
Por elas mesmas
Mas será que elas mesmas "se conhecem"?



Rodrigo Vaz