domingo, 31 de agosto de 2008

Dissecando sapos

A humanidade é prodigiosa e no seu ímpeto lascivo se impulsiona e transforma-se ou quem sabe putrefa-se em dissecações morais. Mas o que seria a moralidade? Seriam os bons costumes, as boas normas e condutas. O que seria a moralidade? Normas adquiridas no seio familiar, na escola, na vida comunitária ou no próprio desenvolvimento do eu. Mas que "eu" é esse? Onde poderia encontrar tais respostas? O eu seria (quer dizer é) o desenvolvimento subjetivo de tais normas e condutas, seria uma forma amadurecuda de tais. Mas como então explicar as dissecações morais em torno de normas amadurecidas? A moralidade submersa nos conceitos adquiridos, na subjetividade pessoal ou coletiva (digamos na sociedade) promovem dissecações prodigiosas e por mais que essas normas estejam maduras, elas sempre estarão sendo abastecidas de experiências passadas vividas, de subjetividade, de humanidade (que ao lançar-se impetuosamente promovem tal moralismo dissecante).

(Rodrigo Vaz)

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Como se fosse mais um dia...

E lá estava eu, de calças largas, de olhar perdido, de pés no chão... E do outro lado da rua estava um cara, de calças largas, com um olhar meio perdido também, mas os pés nem tocavam o chão. Resolvi me aproximar, afinal é muito difícil alguém de calças largas no nosso mundo, mas o que mais me chamou a atenção foram os seus pés mesmo. Chegando bem perto, percebi que havia uma sacola em sua mão, aparentando está cheia de alguma coisa. Quando ia colocar a mão em seu ombro, não sei o que houve, mas ele saiu apressado, na verdade, ele correu. Saí apressado, tentando acompanhá-lo, mas não consegui, ele simplesmente desapareceu. Fiquei a noite pensando no que ele trazia naquela sacola, se seriam frutas, se fossem goiabas, ele ia me oferecer uma, eu iria dizer que "Valeu, quero não!", e ele iria insistir "Pega cara!"e eu então iria aceitar, mas e se fosse um traficante, com certeza ele iria dizer "Sai daí otário, tô com um bagulho aqui pesadão, firmeza?", havia também a possibilidade de ser um jovem pai que encontrou algum dinheiro por aí (talvez os cinco reais que perdi semana passada) e comprou alguns pães para alimentar seus nove filhos, sendo que cinco deles estão muito doentes.

No outro dia, li o jornal, na página 5 tinha a seguinte notícia:
"RAPAZ É ATROPELADO NO BAIRRO JARDIM CIDADE UNIVERSITÁRIA, EM SUAS MÃOS HAVIA UMA SACOLA, DENTRO DELA: UM PAR DE CHINELOS, UM ÓCULOS E UM CINTO.

Aquilo que sai das entranhas...

A casa está vazia
Há tanto barulho
Mas lá no fundo, eu escuto o silêncio
Aquele silêncio oculto, tirânico, dominador
E porque não dizer castrador

A casa está vazia
Há tanto barulho
Uma mulher grita lá fora
Seu filho morreu em seus braços
E nada mais

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Garotos não resistem aos seus mistérios

Eram duas meninas
Eram duas crianças
Sempre juntas, entrelaçadas
Tocam-se, abraçam-se
Respiram e metabolisam o amor que sentem



Eram mulheres
Que deitadas na grama
Jogavam o lixo fora
Aquele lixo tirano
Lixo do dia-a-dia

As joaninhas e as formigas param seus afazeres
E contemplam as palavras e as coisas que saltavam das bocas solenes
Os pássaros não cantavam mais
Apenas o vento não cessava
E isso as irritava muito
Talvez ele quisesse saber como elas se chamavam

(Rodrigo Vaz)

Para a Semana de Psicologia

Ouxe, que não é que eu me aperrie, eu resolvi escrever algumas palavrinhas para quem participou e alimentou essa Semana.
Gritos, algumas lágrimas, correria.
Pequenas bolhinhas fervilhando em nosso cérebro descomunal fazendo inúmeras e rápidas conexões neurais que dizem:
“Faça sua mente dançar, meu amigo!”
Nosso inconsciente esquizoanaliticamente anseia por um processo, por uma resposta, por um julgamento. A libido já não cabe mais em si e é preciso que eu, em estado de total gozo, rompa com a barreira do recalque e descarregue:
“Faça sua mente dançar, meu amigo!”
Vários esquemas me consomem por inteiro, aquilo que chamam de inteligência nem sei onde se encontra mais. Uma nova informação chega e é preciso assimilá-la:
“Não pense que a cabeça agüenta se você parar!”
“Faça sua mente dançar, meu amigo!”