quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Solução

Inércia
Um pedaço de concreto
Uma faca amolada

Tristeza
Um sorriso de criança
Um beijo, um abraço

Rancor
O tilintar do arco-íris
O sol, o porvir

Desespero
A flor, o beija-flor
O urso e o bicho-preguiça

Pressa
A lagarta, a borboleta
O tempo e o vento

Angústia
Beijos, amigos
Mente X coração

Solidão
Esperança, tranco...
O portão da ventania

Choro
Mar, atrito
Um vão no infinito

(Rodrigo Vaz)

Nos mínimos detalhes

Pensamentos desvairados
Imagens em um quarto escuro
Uma borboleta que voa
Uma criança que passa
E sorri

Multidões silenciosas
Madrepérolas e jasmins
Um carro "risca" o asfalto
Jovens bebem vinho
E cantam

Fim de noite
Até as corujas dormem
Restos mortais de um dia sem fim
Um mendigo estende a mão
E pede esmola


(Rodrigo Vaz)

Vida real

Sei que envelheço todo dia
TODO DIA TODO DIA
Pássaros, bétulas, sons
Uma criança...
Uma mulher...
Uma senhora!

Uma senhora que chega e diz:
Entra, experiencia
A porta está aberta
E Branca de Neve já acordou
O tempo passa correndo
É preciso avisar a Cinderela
Que o seu tempo acabou

Fantasias..
Meus fantasmas
Fantasmagorias
Alegorias... meu carnaval...
Um pedaço de romã

Vem, antes que a bomba estoure
Antes que o rio transborde
Antes que o sol se ponha

Onde moro?
As pessoas vem e ficam
Meus fantasmas
A porta continua aberta
E é preciso avisar a Cinderela

(Rodrigo Vaz)

Conversas e piruetas

Bom dia, estranho!
Como vai sua vida íngreme?
Algum vendaval veio açoitar essa semana?
Nenhum vulcão entrou em erupção em teu cérebro?

Boa tarde, ilógica!
Alguma verdade foi dita hoje?
Algum soluço encantador veio ao teu encontro?

Boa noite, loucura!
Alguma estrela veio cantar-te melodias de Beethoven?
Algum surdo evocou a lua e esperou borboletas em silêncio?
Nenhum grito de horror veio regozijar sua alma silente?

Bom dia, estranho!
Como vai sua vida íngreme?

"Cada um de nós é uma lua e tem um lado escuro que nunca mostra a ninguém."
Mark Twain

(Rodrigo Vaz)