terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Lentes ou Uma Análise Multifacetada

Alguns precisam de óculos para ver melhor
Esses eu não os suporto!

Gosto de visuais multifacetados
De colorações tonais imprevisíveis
Os óculos que eu tenho possuem lentes outras
Não estão de acordo com as tendências
Na verdade, elas nem existem

Da superfície de registro do meu nervo óptico
Eu me atento as intensidades puras da minha superfície de produção
E a minha superfície de consumo se torna comunidade de sentidos
E pelo humor vítreo que carrego comigo
Percebo as gotas de sal daquilo que chamam saudade

(Rodrigo Vaz)

domingo, 20 de dezembro de 2009

Colméia

ela tem a tez molhada de alfazema
perolada com açúcar granulado
chocolate meio amargo
duas faces de maça verde
doce, olhos de jabuticaba

lábios carnudos, grandes lábios pessegados
pés, braços e antebraços de pura energia
vitamina C

(rodrigo vaz)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Paredes de concreto ou O que vejo da minha sala

Hoje eu presenciei um nó
Não é nó de atar, de cadarço de sapato
Nem nó de sacola, de rede

Na verdade, esse nó a gente sente
É nó da garganta
Que impede que qualquer palavra seja expelida
Que qualquer beijo e abraço seja suficiente
Que qualquer choro seja lágrima de sal

E não é só isso!
As correntes já estão na calçadas
Em frente à um muro
Que dá acesso para o abismo

Il ya plusieurs façons de tomber dans l'abîme, mais une seule fait le saut. Lorsque vous réussissez, faites tomber ce mur et de construire un autre. D'autres lacunes viendra." - dizia a escrita de giz na parede do muro.

(Rodrigo Vaz)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Afins

Eu tou afim dum reggae
Eu tou afim dum reggae e dum vinho
Eu tou afim dum reggae, dum vinho e dum cigarro de menta
Eu tou afim do Crato
Eu tou afim da minha prova de domingo
Levar um manteiga e até comê-la com pimenta

Eu tou afim dum reggae
Eu tou afim dum reggae e dum vinho
Eu tou afim dum reggae, dum vinho e dum beck
Eu tou afim de Movéis Coloniais de Acaju e um beijo na boca
Eu tou afim de um açaí geladinho
Eu tou afim de uma porção de batatas-fritas com cerveja em Orlandinho

Eu tou afim de soltar pipa
Eu tou afim de ir pra Pipa
Eu tou afim de um café

Eu tou afim de praia, sol, pessoas e mar
Eu tou afim de ler um bom livro na varanda dum sítio
Com vento e chuva

(Rodrigo Vaz)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Fotos de Família

Como mais uma luta
Rasgo com meus dentes a primavera
E solto no ar algumas golfadas
Que voltam, escoam
E constroem outros territórios
Outros modos de existir

Como mais uma luta
Porque quero expandir a vida
Para criar/construir
Vomitar o que está fora
Fazer passar algo pelo dentro
Peça por peça montando de novo

Como mais uma luta
Mas deixo um pedaço pra ti
Necessito de alguns cortes-restos
Que possibilitem outros fluxos, outras vias
Intensidades experimentando em meandros
O que resta quando tudo foi retirado

(Rodrigo Vaz)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Gatos pardos e cães que ladrem

E hoje ele acordou
Tomou café
Comeu um pão
Passou a noite remoendo o agora

E hoje ele acordou
Não tinha pão
Apenas um café ralo
Passou a noite latejando o instante

Durante o dia, um expele golfadas
O outro vomita tortuosos pensamentos
Fluidos e fugazes
Humanos

À noite, um pula
O outro espanta
Um desatina
O outro escapa

Retilíneos, seguem em linha reta
Linha do destino que parece traçada
Apanhados por ela, um aplaude
O outro simplesmente apanha

Na seta que aponta: o estupor
Disperso, renego, nêgo
Bruto que ecoa latidos
Pertubando o sono dos justos

(Rodrigo Vaz)

domingo, 25 de outubro de 2009

Alfenim*

De tarde, depois que sopra aquele vento agreste
Me deito e durmo
E sonho com aquela tarde
Com bichos, com árvores
Com nuvens

Ao anoitecer, vagueio pelo Centro
E sinto a bruma daquela aréola que se põe
E tenho medo, me sinto frágil, inconstante
Subjugado pela crosta humana que me cobre
Quase nu

E depois da noite Severina
Quando o pavio da lamparina já está no fim
O dia raia em gotas de tocaia
Doce e teimoso
Feito um alfenim

(Rodrigo Vaz)

*Confeito alvíssimo, sólido mas delicado e quebradiço, preparado com melado, que se deixa ao fogo até atingir um ponto especial, quando, então, se retira a massa do fogo, estendendo-a sobre um mármore ou qualquer outra superfície fria. Então, puxa-se a massa com as mãos polvilhadas de goma até alvejar, e solidificar, podendo-se, antes, dar-lhe as mais variadas formas.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Gozo


Tesão. Dominava todo o ritual do acasalamento. Forçava o teor dos seios. Franzia o clítoris. Tereza. Tesuda. Terezuda.

(Rodrigo Vaz)

Alívio


Acordou. Levantou. Foi até o computador. Estava com vírus. Desligou. Foi até o banheiro. Defecou. A descarga estava quebrada. Vestiu aquela calça surrada, aquela meia furada no dedão. Não esqueceu o boné para trás. Abriu a geladeira. Não havia água gelada. Na mesa da cozinha: uma maçã. Na pia: uma faca.

(Rodrigo Vaz)

Suspiro



Levantou. Disse que não agüentava mais. Correu até a porta de entrada. Abriu-a. Fitou aquela nuvem com cara de palhaço. E gritou


(Rodrigo Vaz)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Primeiro Ato

Em casa, varro a sujeira da cozinha
No banheiro, resolvo com as mãos o que a cabeça não destina
Na rua, sigo rumos e tomo vinho
Na floresta sou bicho-grilo, na cidade: um brigadeiro

Tiro os sapatos
E jogo tudo pro alto
Sinto o chão...
Aprendo a andar descalço em um mundo de asfalto

(Rodrigo Vaz)

domingo, 4 de outubro de 2009

Sublimação

Decorada com cores vibrantes
A mesa posta na frente dela
Um vinho carreteiro e duas taças
Para que tanta sofisticação!

As pernas cruzadas
Impedem qualquer ousadia
Exaurem qualquer idéia sacana
Filha da puta!

Quebro a taça
E jogo o vinho em seu vestido
Te entrego uma toalha para limpar-se e te mostro o banheiro
Depois, é só poesia!

(Rodrigo Vaz)

Primavera nos dentes


Quem tem consciência para ter coragem

Quem tem a força de saber que existe

E no centro da própria engrenagem

Inventa a contra-mola que resiste

Quem não vacila mesmo derrotado

Quem já perdido nunca desespera

E envolto em tempestade decepado

Entre os dentes segura a primavera

sábado, 19 de setembro de 2009

Dedicatória ou Uma Carta

És como um rio que deságua sob os meus olhos. Aceito o fluxo que percorre o teu corpo. E me entrego as passagens e as nuances do imprevisível. Danço Beatles na vitrola. E depois choro com o jazz. Acompanho as intensidades que permeiam teu território. De cabo a rabo. Sinto o cheiro da tua pele. E a fumaça de maconha me entorpece. Me envolve e me faz gozar com você

Ass. Rodrigo Vaz

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Tijolo por tijolo num desenho sólido


Concretamente eu te jogo contra a parede

E te deito na relva queimada

Enquanto fumaças cobrem o céu

Tudo é névoa


Concretamente eu rabisco toda a plataforma do estádio

Com cores vivas

Sob pinturas surrealistas

Dando um cáráter pragmático



Concretamente eu lambisco uma maçã

Procurando alternar a pureza e o pecado

O dever e o direito

A vida e o existir


Concretamente eu justaponho devires

E subjetivo o mundo

Depois escapo...



(rodrigo vaz)


domingo, 6 de setembro de 2009

Volúpia



Era virtuosa


Diferente das outras


Tinha a pele rubra


E o sorriso de Monalisa


Pés delicados de Cinderela


Onde caberia um sapatinho de cristal





Era baixa


Meio gordinha


Olhos castanhos e um olhar genial


Inteligente, mesclava a fluidez de uma medusa


Com a consistência de uma lagosta


Axiomática


(rodrigo vaz)

sábado, 5 de setembro de 2009

Epifânia

Quando a vi uma aréola rosada iluminou o espaço
E o tempo se descortinou no horizonte azulado
A vida ganhara luminosidade cristalina

Cai de joelhos sob teus pés
E agradeci ao deus Eros por ter me enviado algo tão belo
Vênus, Brigite Bardot, Maria Fernanda Cândido?
Não!
Era Epifânia

Sentado em teu colo, toquei delicadamente o seu rosto
E declamei Álvares de Azevedo

(rodrigo vaz)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Palavras certas

São elas que me faltam
...

...



...

Conatus

Queria escrever sobre o amor
Sobre esse sentimento que faz tanto "sentido"

Queria dissertar sobre as lágrimas caídas
Sobre os berros e os grunhidos
Sobre o que falam nas alcovas
Sobre o espelho

Queria poder falar sobre a metafísica do encontro
Sobre a imanência do sonho
Sobre o orvalho e a luz
Sobre o desenho que fiz nas nuvens

(Rodrigo Vaz)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Quarteto a contrapelo

Viviam de pequenos furtos
Furtavam corações, agarravam-se ao que mais gostavam
Quando iam embora sempre deixavam pedaços seus no chão
Como se fossem trilhas para quem os desejassem seguir

Pedro, Luis, Bruno e Mônica
Saíam por ai sem eira nem beira
Apenas mochila e um livro de Che
Tecendo e narrando

Pedro contava estórias
Que mais pareciam História
Desejava o calor
Mas vivia no frio

Luis desenhava
A arquitetura de sua imaginação era impressionante
Surrealismo, cubismo, dadaísmo
Arte, Semanas de Artes Pós-Modernas

Bruno cantava
Sua voz era seu arco e sua flecha
Atingia legiões
Ecoava nos saguões

Mônica dançava balé
A única portadora do cromossomo XX
Iluminava o grupo
Com aquilo que só a bailarina tem


(rodrigo vaz)

Dulcinéia

Sob o deserto cavalgo junto a meu camelo
Sancho a tiracolo me evita a misantropia
Somente um delírio persecutório
Tua imagem

Ao longe reparo em uma rosa
Como pode uma rosa sobreviver no deserto?
Era branca com sardas vermelhas
Estava direcionada ao Sol
Lancei-a para o alto
Segurei-a com meu escudo

Pronto, Sancho! Já encontrei o que buscava!

(rodrigo vaz)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Kalyuga ou o juízo final

Se encontraram numa noite de lua cheia e transaram loucamente ao lado do chafariz da Praça Central. A coruja, curiosa, fitava os dois. Abraçaram-se, após o gozo, tão fortemente, tão intensamente, que o abraço despedaçou-se no ato. A coruja voou para uma outra árvore. Um corvo lançou-se no céu escuro gralhando o seu estupor fúnebre. Choraram. E foi aí que choveu. Choveu tão forte que a chuva confundia-se com as lágrimas dos dois. Sabiam que era a última vez que iam se ver. Resolveram andar de mão dadas na rua. Cantando na chuva. O corvo e a coruja.
(Rodrigo Vaz)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Em Seu Devido Lugar

Táxi na rodoviária. Calmaria nas ruas. Sorveteria em frente a praça. Maternidadade fechada. Restos de pólvora do dia anterior, algumas chamas da fogueira acesa. Que mais pareciam os meus restos... Era difícil imaginar, mas o bom filho a casa retorna!


(Fim de semana em minha cidade natal depois de cinco meses sem vê-la)


rodrigo vaz

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Joaninha



Joana era mimada. Mas gostava de flores. Todo dia ela colhia uma. E trazia para mim.


















(rodrigo vaz)

Mensagem do dia

Acendeu mais um cigarro, olhou-se no espelho. Sentiu o coração palpitar. Há muito que não o sentia. Tocou devagar suas pálpebras. Pulou na cama. Soltou um grito. Vá tomar no cu, disse pra si mesmo. Levantou, vestiu uma calça, calçou o all-star vermelho, colocou uma camiseta. Passou pelo banheiro, mijou no ralo do chuveiro. Voltou para o quarto. Pegou seu vinil predileto. Hoje vou escutar Chico Buarque, falou. Tirou a camiseta, jogou o all-star num canto. Foi na cozinha, pegou uma faca de mesa. Rasgou sua calça. Tomou um gole de café. Comeu umas torradas. Abriu a janela da varanda. Estava chovendo. Lembrou que havia perdido seu guarda-chuva. Puta que pariu, esbravejou. O telefone toca. Mãe, depois falo contigo! Foi à sala, ligou a vitrola. E dançou.

(rodrigo vaz)

Vício

Era fã de Almódovar, lia Brecht, cantava Los Hermanos. Sabia que ela não queria nada, mas insistia, a amava muito, sentia por ela algo quase metafísico. Para efeitos de retórica, tentava convencer-se do contrário. Saiu de casa num dia qualquer, largou os amigos. Hoje eu quero só ela, falou. Pegou o ônibus, chegou, chamou, ninguém lhe ouviu. Mentira, um sapo coachou em resposta. Baixou a cabeça, voltou pra parada de ônibus. Havia desistido, quando a avistou se aproximando. De onde vens, perguntou. Acabo de vir da tua casa, gritei teu nome, mas pelo visto não estavas mesmo, acrescentou. E não estava mesmo, tinha ido na lan house da esquina, foi o que disse. Queres ir lá pa casa, ela falou. Sim, ele aceitou. Tens aquele L.A. cereja-menthol, perguntou.


(RodRIgo VaZ)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

(I) MUND (ICE) ou Depois do Chá das Cinco

Belo mundo colorido!

De pessoas brancas, negras, amarelas
PARDAS!

Belo mundo colorido!

De trens que correm pela estação
De pés cansados que estendem a mão


Belo mundo colorido!

De chapéus e ternos
De vestidos e xales
De privada, de xixi

Belo mundo colorido!

De gente drogada
De LSD, cocaína, maconha
De Rede Globo
Drogas, tô fora!

Belo mundo colorido!
Da Suzane Richtofen
Da Isabela Nardoni
Do índio queimado na praça

Belo mundo colorido!
Do Homem que foi à Lua....


(RODRIGO vaz)

sábado, 13 de junho de 2009

Ele&Ela

Abra essa janela
E cante
Abra seus olhos
E cante
Solte seu cabelo
E me abrace
Abra seu sorriso
E me encante
Abra sua boca
E deixe eu te beijar

(RODRIGO vaz)

Parece cocaína

Acordo ouvindo Sentimental de Los Hermanos
Passo a tarde vivendo Dom Quixote, de Engenheiros do Hawaí
De noite, o Anti-Você de Marxuvipano cantarola em meu ouvido
Sorrindo para os amigos, mas é só maconha

Pela madrugada, danço Escurinho e Cabruêra
Parece tristeza, mas é só escape

Acordo ouvindo Sentimental de Los Hermanos
Depois escuto Morena de Los Hermanos
a morena liga


(rodrigo VAZ)

terça-feira, 26 de maio de 2009

Resolução

I
Considerando nossa fraqueza
Os senhores forjaram suas leis
Para nos escravizarem
As leis não mais serão respeitadas
Considerando que não queremos mais ser escravos.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.
II
Considerando que ficaremos famintos
Se suportarmos que continuem nos roubando
Queremos deixar bem claro que são apenas vidraças
Que nos separam deste bom pão que nos falta.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.
III
Considerando que existem grandes mansões
Enquanto os senhores nos deixam sem teto
Nós decidimos: agora nelas nos instalaremos
Porque em nossos buracos não temos mais condições de fica.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.
IV
Considerando que está sobrando carvão
Enquanto nós gelamos de frio por falta de carvão
Nós decidimos que vamos toma-lo
Considerando que ele nos aquecerá.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.
V
Considerando que para os senhores não é possível
Nos pagarem um salário justo
Tomaremos nós mesmos as fábricas
Considerando que sem os senhores, tudo será melhor para nós.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.
VI
Considerando que o que o governo nos promete sempre
Está muito longe de nos inspirar confiança
Nós decidimos tomar o poder
Para podermos levar uma vida melhor.
Considerando: vocês escutam os canhões -
Outra linguagem não conseguem compreender -
Deveremos então, sim, isso valerá a pena
Apontar os canhões contra os senhores!

Bertolt Brecht

sábado, 16 de maio de 2009

Aplausos do Shopping Sul

E os ônibus paravam
E as pessoas passavam
E eles "viajavam"
E "puxavam o Black"

(Rodrigo VAz)

Diáriodebordo

Ehojeeuacordeias7emeiaefuipraUniversidadepensandonaseleçãoproProlicenantesdissoeutinhaauladeTepIVChegandoládescobriquenãotavatendoaulaeresolviirestudarumpouquinhodepoisfuipegarcomRomeroqueéomeuorientadornamonografiaumlivrochamadoAsDuasFacesdoGuetodeLöicWacquantconverseicomagaleranapraçadalegriaatéqueFátimameligoufalandoqueestavanoDepartamentodePsicologiamechamandopraentrevistadoProlicenAprincípioeraeueKahynnaqueestávamosconcorrendodepoisJuchegoueKahynnafoieliminadaApósaentrevistafiqueiapreensivopelaligaçãodaprofessoramaselanãoocorreuligueipraelaligueiprasmeninasquetentaramonitoriaenadaResolviirproshowdeTotonholánoCandeeiroEncantadoumnovoespaçoondeeraoGalpão14Muitomassavelhoumamúsicaficounamúsicacabeça"TemmuitomaisIgrejaquesupermercado..."Tinhaumagaleramuitamassaláchegueiemcasaas4damanhãacordeias7:45pensandonocursodeextensãodeCríticaLiteráriaeMarxismoqueeraas9damanhadesistideirevolteiadormiracordeiasdenovoas11damanhãligueiopcmandeiumemailpraFátimaperguntandosobreoresultadodoProlicenpegueiomeupendriveeestouescutandoTotonhoequantoescrevoistoepensandoemiralmoçar

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Duplo ou Sincronicidade do Eu

Rodrigo queima o dedo
Vaz retira o dedo antes que queime

Rodrigo come o bolo de ameixa e passa mal
Vaz desiste de comprar ameixas para o lanche da tarde

Rodrigo passa no teste para ingressar na Orquestra Sinfônica dos Jovens da Paraíba
Vaz abandona o curso de Música

Rodrigo atravessa a avenida Epitácio Pessoa e morre atropelado
Vaz fica em casa hoje: "Vai chover e eu perdi meu guarda-chuva!"


Texto esboçado após assistir A Dupla Vida de Veronique

"O que não aflora em nossa consciência, retorna em nossa vida como destino". (Carl Gustav Jung)

Esquizo

Hoje eu decidi não falar nada
Não utilizar de símbolos
Ser neutro

Considerando que sou um ser humano bio-psico-sócio-historicamente construído
Decidi me tornar complexo
E diante dessa complexidade
Assumo a existência de um vazio
Eita!

O vazio é o meu Pai Real
Aquilo que não posso nomear, se encontra antes da letra
Preciso de símbolos? Cadê a imagem do espelho, o Outro, o grupo?
Essas imagens performáticas me assombram

Meu desejo está sendo controlado por uma subjetividade dominante
Não consigo exercer o meu processo de singularização
As máquinas desejantes controlam tudo
E o inconsciente maquínico diz:
Aplique logo o Rorschach nele!

(Catarse produzida em uma biotecnologia cibernética e peripatética)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Humano

Somos tão sensação
Tão soluço
Tão choro

Somos tão sentimento
Tão emoção
Tão alegria

Somos tão percepção
Tão tato
Tão toque

Somos tão estética
Tão som
Tão vista

Somos tão cérebro
Tão alma
Tão carne e osso


(roDRIgo VaZ)

terça-feira, 21 de abril de 2009

Tiro ao Álvaro

De tanto levar frechada do teu olharMeu peito até parece, sabe o que? Táubua de tiro ao álvaro, não tem mais onde furar Teu olhar mata mais do que bala de carabinaQue veneno estriquininaQue peixeira de baianoTeu olhar mata mais Que atropelamento de automóverMata mais que bala de revórver

terça-feira, 14 de abril de 2009

Simplesmente

Hoje simplesmente vomitei por toda a sala e sujou tudo
Hoje simplesmente chorei por todo o quarto e molhou tudo
Hoje simplesmente gritei por toda a cozinha e estremeceu tudo
Hoje simplesmente gargalhei por toda a casa e sujou, molhou e estremeceu tudo. Gozei...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A primeira regra é...

Assistindo Clube da Luta ontem (31/03/2009), me deparei em contato direto com meu substrato que chamam de intelecto e senti uma angústia heurística. Embarquei numa odisséia de imaginações e após ter telefonado e discutido com várias pessoas o que estava se passando nos tentáculos do que chamamos de buscar interpretação metafísica, eu escrevi algumas pequenos enxertos semântico-linguísticos sobre o filme.
Vivemos incomodados com aquilo que somos e com aquilo que gostaríamos de ser. O filme me coloca diante de três homens (que na verdade é um só), em vez de dois (enquanto matéria explícita). Há o homem que se nega, o que se queria ser em oposição, e o que está perdido, em conflito, no meio.
O inconsciente nos puxa sempre para entrar em contato com nossos traumas, nossos recalques; o superego tenta impedir esse contato. O superego do personagem de Eduardo Northon, interpretado por Brad Pitt, tem esse papel. Vivemos entre um e outro, entre o domar o inferior sem se perder nas contradições com o superior, estamos no terceiro, o do meio, o ego que somos nós. Mas não é só essa visão freudiana que vigora. A relação entre o inconsciente e o superego se torna arquetípica (considerando uma visão jungiana); os dois passam a dividir quatro paredes, ser um só, a se arregimentarem, a estabelecerem uma sincronia. Mas como diz Marx que da tese e da antítese, se faz a síntese. Podemos consideram essa relação do ponto vista gestáltico, ou então, lacaniano.
"Não há outra metalinguagem senão todas as formas de canalhice, se designarmos assim as curiosas operações que se deduzem do seguinte: de que o desejo do homem é o desejo do Outro. Toda canalhice repousa nisto, em querer ser o Outro - refiro-me ao grande Outro - de alguém, ali onde se delineiam as figuras em que seu desejo será captado."(Jacques Lacan)
Diante de todas essas indagações, resolvo encerrar a odisséia, pelo menos por enquanto. E finalizo com o grande poema:
"Você abre a porta e entra
Está dentro do seu coração
Imagine que sua dor é uma bola de neve que vai curar você
Esta é sua vida
É a última gota pra você
Melhor do que isso não pode ficar
Esta é sua vida
Que acaba um minuto por vez
Isto não é um seminário
Nem um retiro de fim de semana
De onde você está não pode imaginar como será o fundo
Somente após uma desgraça conseguirá despertar
Somente depois de perder tudo, poderá fazer o que quiser
Nada é estatístico
Tudo é movimento
E tudo esta desmoronando
Esta é sua vida
Melhor do que isso não pode ficar
Esta é sua vida
E ela acaba um minuto por vez
Você não é um ser bonito e admirável
Você é igual à decadência refletida em tudo
Todos fazendo parte da mesma podridão
Somos o único lixo que canta e dança no mundo
Você não é sua conta bancária
Nem as roupas que usa
Você não é o conteúdo de sua carteira
Você não é seu câncer de intestino
Você não é o carro que dirige
Você não é suas malditas calças
Você precisa desistir
Você precisa saber que vai morrer um dia
Antes disso você é um inútil
Será que serei completo?
Será que nunca ficarei contente?
Será que não vou me libertar de suas regras rígidas?
Será que não vou me libertar de sua arte inteligente?
Será que não vou me libertar dos pecados e do perfeccionismo?
Digo: você precisa desistir
Digo: evolua mesmo se você desmoronar por dentro
Esta é sua vida
Melhor que isso não pode ficar
Esta é sua vida e ela acaba um minuto por vez
Você precisa desistir
Estou avisando que terá sua chance"(Tyler Durden; Clube da Luta)


sexta-feira, 27 de março de 2009

Ciclovia ou o vômito do mar

São pequenas gotículas que tocam
Pequenos grãos que escorrem
Lampejos de emoção
Chuvas de lua que escodem

São fibras de esperança
Águas rasas do infinito
Lambendo as conchas
Cuspindo o mundo

São giros de navios
Salvador Dalí que ressuscita
Vozes confusas
Hablas Espanõl?

Sí, como no
O mundo é cíclico
E tudo volta pro mesmo lugar

(ROdriGo VAz)

quinta-feira, 26 de março de 2009

Perguntas de Um Operário que Lê

Quem construiu Tebas, a das sete portas?Nos livros vem o nome dos reis,Mas foram os reis que transportaram as pedras?Babilònia, tantas vezes destruida,Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casasDa Lima Dourada moravam seus obreiros?No dia em que ficou pronta a Muralha da China para ondeForam os seus pedreiros? A grande RomaEstá cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quemTriunfaram os Césares? A tão cantada BizâncioSò tinha paláciosPara os seus habitantes? Até a legendária AtlântidaNa noite em que o mar a engoliuViu afogados gritar por seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou as IndiasSòzinho?César venceu os gauleses.Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?Quando a sua armada se afundou Filipe de EspanhaChorou. E ninguém mais?Frederico II ganhou a guerra dos sete anosQuem mais a ganhou?
Em cada página uma vitòria.Quem cozinhava os festins?Em cada década um grande homem.Quem pagava as despesas?
Tantas históriasQuantas perguntas

(Bertold Brecht)

sábado, 14 de março de 2009

Indigestão

IN-
TRA-


GÁ-




VEL

...
(Rodrigo Vaz)

Senhor Capitão

Lá vem ele com os olhos de quem procura algo
Outros olhos vermelhos apreensivos

As cigarras param o canto
E um dos olhos resolve cantar
Seu canto é envolvente e cativante

E lá vai o senhor capitão com os olhos de quem não encontrou nada

(Rodrigo Vaz)

A Lua está querendo transar comigo

Chegou toda sedutora
Como se fosse a Vênus renascida
A Eva nua com a maçã na mão

E eu como Adão entregue ao seu desejo
Como Eros entregue ao seu delírio
Me joguei de boca na sua sedução

Jogou o véu vermelho
E lançou sua ostra diante de mim
- Goza, desgraçada!


(Rodrigo Vaz)

quinta-feira, 5 de março de 2009

Meu epírito indagador anda dizendo que a Terra é plana e redonda

Acordei com vontade de escrever algo não sei bem o quê, só sei que deu vontade. Ando pensando muito na complexidade das interações humanas e o modo como percebemos o outro. Essa competitividade que nega a figura do outro e coloca o ser humano como produto da separação sujeito-objeto. Aqueles que não possuem o conhecimento na ordem que acreditamos ser a correta são os leigos, ou melhor, os "alienus" e os que tem podem determinar quem é o leigo e quem não é, levando ao individualismo e ignorância e não à interdependência espontânea.
Frases feitas me invadem. Ajudar não é dá aos outros tudo que possui. Opressão leva ao aparecimento dos "outros" esquisitos. Quanto mais certeza você tem, menos você vê. Todo esse pensamento me coloca na posição de desviante, do não-homem normal, pensante e sociável, como são os poetas, as mulheres, as crianças, os loucos e os selvagens, que agem pelo lúdico, pela intuição, pelo instinto, pelo não-linear.

Produz-ação

Acabaram com a escrita
Não se engendra mais linguagem
Não se produzem mais lápis

As palavras não são mais coisas
São produtos reverberados em tela
"Computadores fazem arte
Artistas fazem dinheiro".

(Rodrigo Vaz)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Recato?

Então, Madame Beauvoir gritou:
- Libertino! Libertino!
E o Lord Sade delicadamente respondeu:
- Sim, sou mesmo! E dai?

(Rodrigo Vaz)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Ilegal

Na coxia, o ar está agradável, escuto sons, uma brisa leve que nem seda passa por mim, incendeia meus olhos e dilata minha pupila.
Puxo, sugo com calma a minúscula poeira cósmica que permeia o mastro colossal dessa tranqüilidade, depois solto e o restinho da poeira se dissolve no ar e me coloca com que de forma mágica em contato direto com o mundo, em si, como se eu fosse ele próprio e não parte dele.
Umas gotas de sorriso escorrem por ai. Tudo é tão lindo! Os pequenos abcessos que sobram são guardados para uma próxima viagem. Que venha logo!

(RoDriGO vaZ)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

E quem foi que disse mesmo?

Falaram que a moça da esquina trepou com o cara da padaria
Falaram que o cara da padaria é um espião russo querendo descobrir o meu segredo
Afirmaram que eu guardo um segredo.

Falaram que a senhora gorducha do quinto andar era traficante e morreu de overdose
Falaram que o neto dela foi para um abrigo de menores
Afirmaram que tudo poderia ter sido pior.

Falaram que o Complexo de Édipo do tal Fulano não foi superado
Falaram que a função paterna não foi simbolizada
Afirmaram que ele é sempre gozado.


(RoDRigo VaZ)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Frívolo

Hoje eu acordei com uns calafrios
Sentia uma vontade imensa de degolá-la
Sufocá-la com meu travesseiro
Suzane-camente

Hoje eu acordei com uns calafrios
Ansiava, incontrolável, jogá-la do terceiro andar
Para assim vê-la cair
Nardoni-camente

Hoje eu acordei com uns calafrios
Deseja tripudiar diante de sua condição infame
Cuspir na tua cara, queimá-la dormindo numa praça
Capitalismamente

Até que uma voz grita:
- Cale-se, frio!

(ROdriGO vaZ)

Tato

O toque
O simples, leve e solto toque
Serpential

O toque das mãos
O toque dos lábios
Na quente boca suave de paixão
Na fruta suculenta
Serpential

Acaricie, apalpe, sinta
Toque devagar
Não me toque!

TOC, TOC, TOC


(rODriGO VAz)

sábado, 3 de janeiro de 2009

Assim falou...

Se A=B e B=C, logo A=C. É o silogismo que me persegue hoje. "Hoje eu não faço chuva, nem faço sol" - já me dizia um certo espelho abstrato. Estou meio úmido e meio árido, a Geografia explica ou será Freud? O clima flutua entre 29 e 33 graus, logo a minha condição está explicada. Se clima confuso é igual a cérebro confuso e cérebro confuso é igual a subjetividade anárquica à flor da pele, logo clima confuso provoca subjetividade anárquica à flor da pele. Está explicado! A Natureza, as mudanças climáticas são culpadas pelas pessoas nas ruas, belas, loucas, esvoaçadas, expirando ânsia (de vômito?) Hoje eu nem brilho nem estou apagado, os tons variam entre o cinza e o cinza-claro, branncos não são, tampouco pretos. Olho pela janela e me vem à mente o terceiro excluído. Se eu sou eu mesmo, logo eu não sou uma nuvem...
Se A=A, logo não existe A diferente de A. É o terceiro excluído que me persegue hoje...


(Rodrigo Vaz)