segunda-feira, 13 de julho de 2009

Kalyuga ou o juízo final

Se encontraram numa noite de lua cheia e transaram loucamente ao lado do chafariz da Praça Central. A coruja, curiosa, fitava os dois. Abraçaram-se, após o gozo, tão fortemente, tão intensamente, que o abraço despedaçou-se no ato. A coruja voou para uma outra árvore. Um corvo lançou-se no céu escuro gralhando o seu estupor fúnebre. Choraram. E foi aí que choveu. Choveu tão forte que a chuva confundia-se com as lágrimas dos dois. Sabiam que era a última vez que iam se ver. Resolveram andar de mão dadas na rua. Cantando na chuva. O corvo e a coruja.
(Rodrigo Vaz)