domingo, 16 de maio de 2010

Preciosos prazeres carnais

Sustentam-se de pequenas manias
Roer as unhas
Coçar a barba
Cheirar o "suvaco" do bebê da vizinha

Se entregam a determinados prazeres
Chegar primeiro para não ser o "filho do padre"
Sonhar pulando de pará-quedas
Dormir nu depois de um dia de cansaço

Vivem de deliciosos vícios
Furtar amoras
Fazer escambo com girassóis
E esconder debaixo da "manga" alguns corações

(Rodrigo Vaz)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Sexo dos anjos

Eu quero que você morra....

Morra de beijos...
De abraços....
De desejo...
De sexo...

Não corra!
Pois eu quero que você pule no momento certo...

Me beije...
Me abrace...
Me mate de sorrisos
Me arranhe, mas de leve
Como um beija-flor

Gargalhe!
Grite!

Deixe que eu te ergo pelos ares
e faço você respirar as nuvens
Depois eu solto...
Você perceberá que não terá asas
Mesmo assim te chamarei de anjo...

Anjos não morrem...
Mas eu quero que você morra...
Morra no rock, morra comigo...
Tenha medo de ser feliz
E assim te verei humana

(Rodrigo Vaz)

terça-feira, 4 de maio de 2010

Isto não é uma poesia de amor

Parecia trazer consigo toda a colheita de girassóis
Do último verão
Entregava para cada amante uma pétala
Para mim só sobravam as sementes
Sementes de girassóis!

Causava frisson por onde passava
Todos caiam aos seus pés
Pedidos de clemência era suplicados
Por que não olhas para estes mortais?
Só versos de Florbela Espanca a entretiam

No inverno, quando a neve cai
E a ampulheta do tempo traz o traço efêmero da vida
Ela incorpora Cleópatra
Convoca seus súditos
E os amarra aos seus pés

(Rodrigo Vaz)

domingo, 2 de maio de 2010

Dia em dó menor


Caminhava lânguido pela rua
Não havia nenhum barulho
Nem cotovias a cantar
Nenhum tormento dava sabor ao espírito

Até que começo a ouvir uma melodia
Era simples não havia notas complexas
Qualquer violão iniciante saberia improvisar esse som
Mas nenhuma garganta até o momento se atreveu a copiá-lo

Sutil, foi ganhando corpo
Aos poucos os graves e as afinações estavam num mesmo plano de consistência
As folhas já dançavam ao som daquela brisa
Era a melodia do vento

Num instante, tudo mudou
A melodia entrou num clima de rock’n roll
As nuvens pareciam se conectar em uma Woodstock
As gotas da chuva caiam em meu rosto

No fim do dia, ao fundo
Como se me chamasse em segredo
O anúncio do outono
Trazia uma canção de jazz

(Rodrigo Vaz)