domingo, 14 de novembro de 2010

Paradoxo

As nuvens amanheceram pesadas, úmidas e prestes a explodir
Mesmo assim corro na rua e me banho no seu choro
Sou avatar de seu derrame lacrimal


O sol queima meus olhos
E esconde o desejo ardente que tenho de ser brilho
De ser Ele
Me contento com o conseqüente suor que escorre pelo meu corpo

Aproveito a noite pra me vingar
Me identifico com a Lua
Sou meio de Lua
E surjo no horizonte só pra incomodar os desamores do dia-a-dia
Só pra aumentar a fome dos dessabores de teu paladar
Só pra incomodar o desalento de teu sexo

Ao me encarar, você corre para o papel
A escrita é o teu consolo de menino vadio
Vagabundo das noites escuras e frias
Dançarino nos lixões desta velha senhora amarga

Escrever é um ato solitário
De produzir eco num Outro de mim mesmo

(rodrigo vaz)

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