domingo, 25 de outubro de 2009

Alfenim*

De tarde, depois que sopra aquele vento agreste
Me deito e durmo
E sonho com aquela tarde
Com bichos, com árvores
Com nuvens

Ao anoitecer, vagueio pelo Centro
E sinto a bruma daquela aréola que se põe
E tenho medo, me sinto frágil, inconstante
Subjugado pela crosta humana que me cobre
Quase nu

E depois da noite Severina
Quando o pavio da lamparina já está no fim
O dia raia em gotas de tocaia
Doce e teimoso
Feito um alfenim

(Rodrigo Vaz)

*Confeito alvíssimo, sólido mas delicado e quebradiço, preparado com melado, que se deixa ao fogo até atingir um ponto especial, quando, então, se retira a massa do fogo, estendendo-a sobre um mármore ou qualquer outra superfície fria. Então, puxa-se a massa com as mãos polvilhadas de goma até alvejar, e solidificar, podendo-se, antes, dar-lhe as mais variadas formas.

Um comentário:

Letricidade disse...

Que lindo, nem há mais o que dizer desse lirismo exato do seu poema.