na janela de vidro transparente de uma caixa retangular que se chamava ônibus, a menina, com olhos admirados e verdes
o verde demonstrava a sua imaturidade, como fruto que ainda não caiu e que continua preso à mãe árvore
o menino caminhava com olhos comovidos sobre o asfalto encardido, com os óculos: outra janela de vidro transparente
eram humanos, pois nunca revelavam nada por completo, sempre ficavam cifras nas entrelinhas. E faziam questão que elas permanecessem
dormiam e sonhavam com os restos de seus dias que não foram realizados. Nos sonhos, as janelas de vidro se tornavam películas finas
se vestiam como fazem os chamados civilizados, mas a casca não importava muito para eles: a gema é que dava o sabor sempre com alguma pitada de sal
e hoje, ela vê ele. Ele de calça azul confunde-se com a clássica cor do céu, ela ao vê-lo desvia o olhar um instante para as nuvens: estão cinzas
agora começa a chuva, e eles se perdem no infinito como gente só(zinha) reunida
(rodrigo vaz & isa paula)
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