
No meu varal estão postos gravetos
São finos e dotados de um solipsismo triunfal
Em noites de inverno
Quando a Lua me devora o Édipo
A chuva molha as gotas de silêncio
Produzindo estalos na bigorna dos transeuntes
Quando é primavera, acompanho o desabrochar das sibipirunas
Amarelas como os reflexos de Sol que entram sem permissão
Recebo visitas
Duendes e violetas cortejam o meu jardim
Comem do meu suor e bebem do meu silêncio
Partem alguns instantes antes da carruagem chegar
Por vezes, esquecem alguns sapatinhos
Noutras, me deixam com a cara da abóbora
Há coisas e pessoas que nos rasgam, sem piedade
(rodrigo vaz)