terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Re-cortes ou O que creio de mim

Gosto de ser outros. Seja quando espirro ao dizer meu nome a um estranho, no instante em que lavo a louça e tremo ao sentir seu beijo em minha nuca, ou no momento em que tomo banho sendo contaminado pelo meu cd predileto do Chico (Buarque). Sou como um mágico. Tiro coelhos da cartola e eles saem para plantar cenouras por aí, falando sobre o tempo e outras questões que interessam aos humanos. Às vezes, eu próprio ponho minha cartola na cabeça e saio a saudar madressilvas e botões, pintando-os de Guernica e Clarice. Em outros momentos, sou palhaço. Mas meu nariz vermelho, às vezes, não me cabe. Tem dias que estou tão sem tamanho, que não entro em nenhuma forma. Noutros, estou tão pequenino que qualquer transeunte pode me carregar em seu bolso. Mas quando meu nariz me cabe, eu faço caretas, me ponho a dançar no saloon, bebo vinho e me visto da minha melhor solidão. Sempre acreditei que magia e fazer caretas tinham algo de análogo com algum conceito de vida.

(rodrigo vaz)

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